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Podologia. Podolologistas. Neuroma Morton

VOCÊ SENTE DOR AGUDA NO ANTEPÉ E FORMGUEIRO E/OU DORMÊNCIA NOS DEDOS DO PÉ?

Neuroma de Morton é uma patologia que afeta um dos nervos que passa entre os dedos dos pés. O nervo inflama e é pressionado, o que resulta em dor aguda na região do antepé. O neuroma de Morton geralmente afeta o nervo entre o terceiro e quarto dedos. Você pode sentir inicialmente uma sensação de formigueiro no espaço entre o terceiro e quarto dedo do pé, que piora com o tempo, levando à sensação de queimadura no antepé. A dor pode ser pior se você usar sapatos que apertam a área afetada e quando você está andando.

O que causa o neuroma de Morton? A dor do neuroma de Morton ocorre quando o nervo que conecta os ossos do pé (metatarsos) fica inflamado e pressionado. A causa exata da inflamação é desconhecida, mas a causa mais provável é a pressão exercida pelos ossos metatarsais sobre os nervos quando o espaço entre os ossos é estreito. Alguns especialistas acreditam que uma série de outros problemas nos pés, incluindo pé chato/pé plano, aumento arco longitudinal interno (pé cavo), joanetes e dedos em martelo também podem causar neuroma de Morton.

Quando consultar o seu médico? Se você sentir formigueiro contínuo ou dor persistente no pé, deve marcar uma consulta com um ortopedista, que deverá lhe perguntar sobre a intensidade, localização e tipo da dor sentida, sapatos que usa, estilo de vida e atividades desportivas. deverá pedir exames do pé, como raio X, ultrassom ou ressonância magnética

Quem é afetado por neuroma de Morton? Qualquer pessoa pode ter neuroma de Morton, mas as mulheres são mais comumente afetadas. Em particular, a condição tende a ocorrer em:

-mulheres que usam sapatos de salto alto

-pessoas que fazem exercício físico regular, especialmente corridas

-pessoas com uma forma particular do pé, como por exemplo um arco elevado

Como tratar o neuroma de Morton? Você será aconselhado a usar sapatos com a área dos dedos maior e tomar analgésicos para aliviar a dor. As injeções de esteroides também podem ser dadas para o tratamento do nervo afetado. Palmilhas ortopédicas sob medida são recomendadas pois aliviam a pressão do nervo quando feitas especialmente para neuroma de Morton. Veja como nesta página. Se isso não funcionar, pode ser necessária a cirurgia. A cirurgia envolve a remoção do tecido espesso ao redor do nervo (e por vezes no próprio nervo) para libertar a pressão

Fonte: http://www.nhs.uk/

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Pé de atleta

“A designação «pé de atleta» é vulgarmente entendida como a infecção dos pés por fungos denominados «dermatófitos»

O que é o pé de atleta ?
A designação «pé de atleta» é vulgarmente entendida como a infecção dos pés por fungos denominados «dermatófitos». Também se denomina correntemente como micose dos pés, uma vez que qualquer infecção por fungos é uma micose. Esta palavra tem origem grega (mikos) e significa precisamente fungo.
A infecção localiza-se sobretudo nas pregas interdigitais dos pés, sobretudo na que une o 4º e 5º dedos. Causa prurido, descamação, maceração e fissuras. Pode estender-se às outras pregas interdigitais, ao sulco comum dos dedos e à superfície plantar dos pés. Atinge também as unhas. Pode disseminar-se para outras áreas da pele, especialmente para as virilhas.
O doente com pé de atleta pode contagiar outras pessoas?
Pode, a doença é contagiosa. A transmissão efectua-se pelos esporos do fungo – especialmente em locais fechados e pouco arejados. Pensa-se que a humidade possa também constituir factor favorável à disseminação. Contudo, os fungos que originam o pé de atleta não revelam grande virulência. Pensa-se ser mais importante certa susceptibilidade individual, que facilita a infecção, mas cuja natureza é ainda desconhecida.

O que são fungos dermatófitos?
São fungos que se desenvolvem efectivamente na pele humana e de animais, por meio de estruturas filamentosas ramificadas e septadas denominadas “hifas”. O conjunto das hifas constitui o chamado “micélio”, o qual se nutre de uma proteína existente na superfície da pele denominada ceratina. Por esta razão são também denominados fungos ceratinofílicos.

Há mais do que um tipo de fungo dermatófito?
Os fungos dermatófitos que mais frequentemente causam o pé de atleta pertencem a dois géneros – Trichophyton e Epidermophyton. Destes, as espécies Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes são as mais comuns. A frequência de T. rubrum tem vindo a aumentar ao longo dos últimos decénios.

Como se transmite o pé de atleta?
O problema da possível contaminação ambiental por fungos causadores de pé de atleta em ginásios, piscinas, instalações de apoio dos veraneantes e praias tem sido estudado em Portugal, à semelhança do que sucede em outros países.
No entanto, importa salientar que o número de géneros e espécies de fungos existentes no ambiente é normalmente muito elevado, mas que apenas alguns originam pé de atleta e outras micoses.
No Laboratório de Micologia da Clínica Dermatológica Universitária de Lisboa foram conduzidos estudos referentes à contaminação por fungos causadores destas micoses em balneários, ginásios e areias de praias.
Um destes estudos incidiu sobre balneários de 5 ginásios em Lisboa (l84 amostras) e 6 vestiários de praias da zona de Lisboa (91 amostras), estes últimos durante a época balnear.
As colheitas efectuaram-se em ralos dos duches, estrados de madeira dos duches, lava-pés, tampos de sanitas, bancos de madeira e áreas de apoio de pés descalços. Isolaram-se 26 estirpes de fungos dermatófitos nos balneários dos ginásios (11 T. mentagrophytes var. interdigitale, 12 T. mentagrophytes var. granulare e 3 T. terrestre) e 2 estirpes de T. mentagrophytes var. interdigitale nos balneários das praias.
Outro estudo incidiu sobre 20 praias no período de verão. As colheitas de areia para análise efectuaram-se ao fim da tarde, em 3 locais distintos: junto à orla marítima; junto ao terreno limitante da praia; em plena praia, a meia distância entre os dois pontos referidos.
Sempre que possível a colheita foi efectuada em pontos de impressão de pés descalços. Não se isolaram fungos dermatófitos. Em um único caso isolou-se uma estirpe de M. gypseum. Identificaram-se, contudo, numerosas estirpes de fungos não causadores de micoses humanas.
Estes estudos, em conjugação com outros internacionais, permite concluir pela baixa probabilidade de contaminação das areias das praias por fungos dermatófitos, provavelmente por falta de condições para a sua sobrevivência.
Pelo contrário, a contaminação de ginásios e de balneários constitui fonte importante de contágio do pé de atleta e de outras dermatofitias, a exigir cuidados sanitários adequados.”

Fonte: canal sapo saúde_consultorios

A responsabilidade editorial e científica desta informação é da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venearologia

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Micoses

Os cuidados que protegem os seus pés desta patologia

Aparecem frequentemente quando as condições do meio se tornam ideais para o desenvolvimento de fungos.
«O ambiente quente, húmido, fechado e escuro que algum calçado proporciona é favorável ao desenvolvimento de fungos, que facilmente penetram na nossa pele», alerta Joana Azevedo, podologista.
O contágio é mais frequente em locais como piscinas e balneários públicos ou através de toalhas mal lavadas.
O tratamento local da patologia passa pelo «uso de antifúngicos locais e/ou orais, antissépticos, adstringentes e/ou queratolíticos», que devem ser aconselhados por um podologista ou por um dermatologista.
Como prevenir
É importante criar hábitos de higiene adequados, «lavando os pés com água e sabão neutro, e secando cuidadosamente os espaços entre os dedos, sem esfregar a pele».
Joana Azevedo aconselha arejar e alternar o calçado e diz que «o uso de meias 100% de algodão é fundamental para evitar o aquecimento da pele, bem como evitar reações adversas por contacto com fibras sintéticas, servindo também para absorver a transpiração». Para além disso, observe os pés regularmente e trate de imediato o pé de atleta (micose frequente) para evitar a sua progressão.

Fonte:

Texto: Cláudia Vale da Silva com Joana Azevedo (podologista na Clínica Parque do Estoril)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista PREVENIR.

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Calos

Recomendações de uma podologista para prevenir as calosidades nos pés

Surgem para proteger o pé de uma agressão externa ou interna.
Aparecem em zonas de maior pressão e/ou fricção e são um «mecanismo natural de defesa da própria pele em resposta a estas alterações», refere a podologista Joana Azevedo.
«Tal como as bolhas, os calos podem estar associados ao calçado inadequado bem como a alterações biomecânicas do pé», alerta a especialista. Só é possível tratar definitivamente um calo se for tratada a alteração que o origina. Joana Azevedo não aconselha o uso de limas ou lixas de qualquer espécie, pois «promovem atrito e fricção da pele, que se sente agredida e cria mais pele como defesa do estímulo nocivo.
Este procedimento errado leva a um ciclo vicioso de hiperqueratose (endurecimento da pele)». Em alternativa, «recomenda-se o uso de cremes queratolíticos e pedra-pomes natural (pois é suave e não provoca agressões da pele) e o desbridamento mecânico das calosidades executado por um podologista». De acordo com Joana Azevedo, «é o tratamento correto e indicado para a remoção e eliminação definitiva das calosidades».

Texto: Cláudia Vale da Silva com Joana Azevedo (podologista na Clínica Parque do Estoril)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista PREVENIR.

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Calçado Adequado – Declive Máximo Fisiológico

Artigo publicado na revista da Associação Portuguesa de Podologia’Saúde em Pé’ em abril 2012

Todos os direitos reservados. Não são permitidas cópias ou plágio do artigo, a publicação de excertos ou da totalidade do artigo está legalmente obrigada a identificar os autores.

Autores:

Joana Azevedo1, João Gomes2

1Podologista Grupo Cordeiro Saúde|Responsável Linha Podiátrica Canal Sapo Saúde; linhapodologica@sapo.pt

2Engenheiro Mecânico|Director Coordenador Operações ALD Automotive Portugal|Grupo Societé Générale

Resumo:

A escolha do calçado adequado é muito importante para a saúde do pé e para o bem-estar físico e psíquico do ser humano.

O calçado inadequado é uma das principais causas de dor no pé, do restante membro inferior e coluna vertebral. É também o principal responsável por diversas alterações biomecânicas e por patologias a elas associadas, como entorses e lesões, que não se limitam apenas ao membro inferior.

Este trabalho tem como principal objectivo salientar a importância da escolha de calçado adequado para a preservação da integridade biomecânica do pé, do membro inferior e do organismo em geral. Em complemento realizou-se um estudo para analisar a altura dos saltos e o declive dos pés da amostra em estudo.

 A elaboração deste trabalho centrou-se nos critérios e características de selecção do calçado adequado, na identificação das principais alterações biomecânicas e patologias consequentes do uso de calçado inadequado e na definição dos critérios de selecção da altura do salto, especialmente no calçado feminino.

É do conhecimento geral que a altura do salto é um factor de extrema importância no comportamento biomecânico do pé em cadeia cinética fechada. Por outro lado, somos diariamente confrontados com uma questão que se torna pertinente; ‘qual é a altura do salto mais indicada para cada pessoa?’

Graças à união entre a biomecânica do corpo humano da área da Podologia e a trigonometria, matemática e engenharia, é possível desenvolver uma tabela da variação do declive em função da altura do tacão e do comprimento do pé e assim estabelecer um limite entre o Declive Fisiológico e o Declive Patológico.

O estudo foi baseado numa amostra de 100 pacientes de sexo feminino da Consulta de Podologia da Clínica do Estoril. O tratamento de dados estatísticos incidiu na variação do declive em função da altura do salto e da faixa etária. Através da análise dos dados concluímos que 60% da amostra estudada usa salto adequado para o seu pé e portanto podemos concluir que a maioria da população em estudo apresenta um declive fisiológico.

Concluímos que o declive varia praticamente na proporção directa da variação da altura do salto, uma vez que a média do número de calçado está compreendida num intervalo muito reduzido, entre os números 36 e 38, em qualquer dos escalões etários.

Introdução:

Um estudo norte-americano concluiu que:

Nove em cada dez mulheres usam sapatos demasiado pequenos para os seus pés. [1]

Todos os anos a população feminina mundial perde 44 milhões de dias de trabalho devido a dores causadas pelos saltos altos e sapatos inadequados. [1]

As mulheres têm 4 vezes mais problemas nos pés do que os homens, devido ao calçado inadequado, principalmente, devido ao uso de saltos altos e frentes apertadas. [1]

A indústria do calçado é cada vez mais padronizada, o que inevitavelmente prejudica as capacidades funcionais do pé. Cada pessoa necessita de aconselhamento personalizado para o seu calçado. [2] Mesmo quem não tem patologia de risco ou alterações associadas.

Na hora de escolher o ‘sapato ideal’ para o dia-a-dia e principalmente para quem passa muito tempo em pé ou tem problemas nos pés, devemos compreender e respeitar a máxima: O sapato adapta-se ao pé não é o pé que se adapta ao sapato [3]

É errado comprar um sapato que está justo ou um pouco apertado pensando que passado uns dias já alargou. [4]

O facto de ter alargado com a ajuda do pé significa que o pé esteve comprimido, apertado e em esforço dentro do sapato. O mais certo é ter provocado dor ou incómodo, o que já não é bom. Mas o mais grave é que certamente provocou alterações ou deformações osteo-articulares e/ou musculo-ligamentares que por vezes não são imediatamente visíveis, mas que no futuro podem ter consequências devastadoras para o pé, como os joanetes, os dedos em garra e os calos ou calosidades, entre outras.

Sapatos, meias e ortóteses devem respeitar a biomecânica do pé, favorecer e permitir o arejamento cutâneo, permitir a liberdade dos dedos, evitar o deslizamento do pé para a frente e assegurar a sua estabilidade transversal, evitando desequilíbrios e instabilidade.

Se pensarmos na anatomia, fisiologia e biomecânica do pé, percebemos que o calçado imposto para a vida em sociedade e o caminhar sobre solos artificiais prejudicam as capacidades e propriedades biomecânicas naturais do pé.

Na realidade, um objecto estático como o sapato nunca pode adaptar-se na perfeição a um órgão dinâmico como o pé. Isto resulta numa relação de compromisso com os inevitáveis conflitos que qualquer solução de compromisso acarreta.

O pé é um órgão ancestral que está preparado para caminhar descalço sobre terrenos irregulares e algo adaptáveis às suas curvaturas [5]. Se pensarmos nesta frase, percebemos que caminhar num solo liso e estático como aquele que temos nas cidades e nas nossas casas não é o mais adequado para a grande maioria dos pés adultos.

É por isso que os estudos sobre ergonomia e biomecânica do pé afirmam que: 2 a 3cm de salto é apropriado e até indicado para quase todos os adultos [4], uma vez que contribui para a adaptação do pé ao solo artificial e nada ergonómico dos nossos dias.

Mas será correcto afirmar que um salto entre 2 e 3cm é sempre adequado para todas as pessoas?

Para responder a esta questão foi elaborada uma tabela de variação do declive em função do número do calçado (comprimento do pé) e da altura do tacão, cujos valores devem ser interpretados tendo em conta que o declive máximo fisiológico é de 10 graus[6].

É importante referir que a medida correspondente aos dedos (25% do comprimento total do pé) deve ser desprezada uma vez que o uso de saltos altos coloca os ‘pés permanentemente numa posição flectida, e com os dedos esticados’[7], a fazer um ângulo de 0⁰ com o piso, como demonstra a figura abaixo.

Fonte: Cronin J, Reynolds G. A Scientific Look at the Dangers of High Heels

Critérios básicos de selecção de calçado adequado:

  • Comprar os sapatos ao final do dia, quando o pé está mais dilatado, [4]
  • Escolher o número do sapato, atendendo ao comprimento do pé maior [4] e do dedo mais comprido, que nem sempre é o Hallux,
  • Confirmar o número do calçado frequentemente, pois o pé modifica-se com o passar dos anos, [4] Para isso devemos experimentar o número que pensamos ser adequado bem como o número acima,
  • Dar preferência ao calçado com velcros, fivelas, elásticos ou atacadores que facilitam o ajustamento ou alargamento do sapato mediante as necessidades,
  • Evitar costuras, principalmente a nível digital,
  • Devemos optar por marcas ou modelos de sapatos que já conhecemos, que tenhamos usado ou que sabemos que nos farão sentir bem,
  • Não devemos comprar sapatos apertados e que não ‘encaixem’ ou não se adaptem bem ao pé,
  • Colocar o pé por cima do sapato e, em pé, encaixar o calcanhar. Deve sobrar um espaço entre os dedos  e a ponta do sapato, para que não fique apertado.
  • O pé dentro do sapato deve deslizar um pouco, [4]
  • Devemos experimentar o par de sapatos, caminhando um pouco na loja [4]

Características a ter em conta na escolha do calçado adequado[4] [8]:

  • Pele natural ou couro curtido.
  • Sola amortecedora (borracha/elastómero ou couro, mas este é mais duro e perde-se a propriedade de amortização dos choques) e flexível, mas não demasiado mole para evitar movimentos de torção do pé.
  • Frentes amplas que respeitem a volumetria do pé e dos dedos, para que caibam em toda a sua amplitude e se movam dentro do sapato sem sofrerem apertos e deformações.
  • Contraforte no calcanhar que sustente o calcanhar e impeça a instabilidade do pé (não se recomenda sapatos com contraforte mole no calcanhar).
  • Largura de tacão conveniente ≥ 2cm
  • Altura de salto conveniente entre 2 e 3cm. (?)

A instabilidade do pé aumenta com tacões inferiores a 2cm de largura e com altura superior a 2,5cm. Estes parâmetros influenciam a estabilidade transversal do pé e tornozelo. [3]

Por norma um salto com largura superior a 2cm e altura menor que 5cm não prejudica a fisiologia do pé são ou normal. [3]

Ao interpretarmos estes conceitos podemos questionar se este valor de altura de salto será igual para todas as pessoas.

A partir desta dúvida – Qual a altura máxima de salto capaz de respeitar a fisiologia do pé são? – surgiu o mote para este trabalho.

Sabemos queo Declive Máximo Fisiológico é 10⁰ [6], de forma a não colocar o pé bem como o restante membro inferior e coluna numa posição que possa conduzir a alterações nefastas.

Para respeitar o declive máximo fisiológico e evitar alterações biomecânicas, a altura do tacão não deve exceder um valor limite, que varia em função do comprimento do pé e pode ser encontrado utilizando a função trigonométrica arcotangente, que define o declive em função do comprimento e da altura.

O salto adequado depende do declive máximo fisiológico do pé

O declive é a relação entre o comprimento do pé e a altura do tacão

Função Trigonométrica:

Declive = Arcotangente (Altura/Comprimento)

Nota: Após obtenção dos valores de declive em radianos, convertemos em graus (100 rad = 90⁰)

A partir do estudo da Inclinação Máxima Fisiológica do Pé – Declive – podem estabelecer-se valores de referência para a Altura Máxima Fisiológica do Tacão em função da medida do Comprimento do Pé de cada pessoa.

Através desta relação é possível criar uma tabela que estabelece o declive do sapato (em graus) em função da altura do tacão e do comprimento do pé. Deste modo podemos estudar e dar a conhecer à comunidade científica e podiátrica qual a altura do salto máximo fisiológica para cada pessoa, atendendo ao comprimento de cada pé.

Análise:

Através da análise da tabela, percebemos que o salto máximo fisiológico não é igual para todas as pessoas, pois depende do comprimento do pé de cada uma.

No entanto, é possível estabelecer como critério que o salto deve ser sempre inferior a 5cm (mesmo para comprimentos de pés mais elevados).

De um modo geral podemos dizer que:

  • Se calça entre 35 e o 39 o salto máximo é 3,5cm
  • Se calça entre o 40 e o 42 o salto máximo é 4cm

As medidas acima referidas correspondem às alturas máximas de salto para que não se ultrapasse o declive máximo fisiológico.

No gráfico abaixo podemos identificar o salto máximo fisiológico para cada número de calçado.

Gráfico 1: Obtemos a altura de salto máxima em função do número de calçado para um declive de 10⁰.
– À medida do comprimento total do pé subtraímos 25% correspondente à zona dos dedos, pois não é afectada pela variação do salto (declive 0⁰).
– À altura do tacão subtraimos 0,5cm correspondente à altura da sola do mediopé e antepé (≥ 0,5cm).
– No caso de calçado com sola compensada é necessário retirar o valor da compensação anterior, ao valor da altura do salto.

Alterações Biomecânicas Consequentes do Declive Patológico a nível do Membro Superior:

A principal alteração de um declive do pé superior a 10⁰ a nível do membro superior é o deslocamento no sentido anterior do centro de gravidade, que leva a hiperlordose lombar. O aumento da curvatura lombar no plano sagital está associado a uma anteversão da pelve.

A hiperlordose mantida origina sintomatologia dolorosa a nível da coluna vertebral, sendo as lombalgias as mais frequentes.

Alterações Biomecânicas Consequentes do Declive Patológico a nível do Membro Inferior:

  • Transferência de Carga para a Zona Anterior do Pé
  • Diminuição da Superfície de Apoio / Base de Sustentação
  • Hiperpressão do Antepé
  • Aumento da Instabilidade da Articulação Tibiotársica
  • Encurtamento do Tendão de Aquiles e da Musculatura Posterior da Perna
  • Debilidade das Estruturas Musculo-Ligamentares
  • ‘Sobrecarga nas Articulações dos Joelhos’

 Segundo o Reumatologista António Vilar ‘…Com saltos acima dos 6 cm, caminhamos sempre com os joelhos em flexão, o que sobrecarrega a articulação dos joelhos…’

Principais Patologias Associadas ao uso de Calçado Inadequado:

  • HAV
  • Exostoses Artc MTF (Joanetes 1ª AMTF e 5ª AMTF)
  • Dedos em Garra
  • Supra e Infraduções Digitais
  • Hiperqueratoses, Helomas e Tilomas
  • Onicocriptoses, Onicólises
  • Metatarsalgias
  • Fasceítes Plantares
  • Talalgias: Entesites, Bursites, Síndrome Haglund
  • Entorses (favorecidas pela instabilidade)

 Sinais que indicam conflito entre o pé e o calçado:

  • Dor (metatarsalgias são as mais frequentes), Calor (sensação de queimadura), Eritema
  • Helomas, Tilomas e Hiperqueratoses
  • Onicólise, Onicocriptose, Hematomas Subungueais
  • Fictenas, Hematomas Subcutâneos
  • Atrofia ou Distrofia das unhas
  • Deformações Digitais
  • Entre outras

É de salientar que estas lesões são habitualmente causadas por microtraumatismos de repetição e/ou por calçado apertado e com salto demasiado alto. Também podem ocorrer reacções alérgicas ao material do calçado.

Estudo

Materiais e Métodos:

A amostra foi constituída por 100 pacientes do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 14 e os 92 anos de idade da Consulta de Podologia da Clínica do Estoril.

Foram excluídos da amostra pacientes com idade inferior a 14 anos e pacientes de sexo masculino.

Para a realização das avaliações foi necessário o uso de uma régua para medir a altura do salto do calçado das pacientes e o comprimento dos pés em centímetros.

No caso de calçado com sola compensada é necessário retirar o valor da compensação anterior ao valor altura do salto.

Usou-se uma Tabela de Conversão que relaciona a medida do pé em centímetros com o número de calçado. Para este trabalho escolheu-se a Numeração Europeia.

Legenda: Tabela de conversão Mondopoint

Com o paciente em bipedestação estática, mediu-se com uma régua calibrada em centímetros o comprimento total do pé, desde a extremidade posterior do osso calcâneo até a extremidade distal da falange distal do dedo mais comprido (que nem sempre corresponde ao primeiro dedo).

Através da medição dos pés e dos dedos dos pacientes da amostra determinou-se que cerca 25% do comprimento total do pé corresponde à zona digital, que se mantém paralela ao piso.

Resultados:

Análise e Tratamento de Dados:

No universo estudado o declive varia entre 2⁰ e 30⁰, sendo a altura mínima de tacão 1cm e máxima de 14cm.

Conclusão:

Concluímos que uma vez que a variação do número de calçado se encontra num intervalo limitado e reduzido (35 ao 40) e que por isso, não é muito significativa, o factor determinante é a altura do tacão.

A altura do tacão está intimamente relacionada com o declive do pé e varia na proporção directa deste.

Podemos concluir que sempre que o salto é superior a 5cm, o declive ultrapassa 10⁰ e por isso estamos na presença de um declive patológico, o que se verificou em 40% da amostra estudada, com uma altura de salto média de 7,5cm e um declive médio de 17,5⁰.

As faixas etárias de senhoras analisadas que usam maiores saltos, sujeitando o pé a maior declive, são as correspondentes aos 20-30 anos e aos 50-60 anos, com uma altura de salto média de 6,2cm e 7,0cm, ao que corresponde um declive médio de 14⁰ e de 16⁰, respectivamente.

A percentagem da amostra que utiliza um salto fisiológico corresponde a 60%, com uma altura de salto média de 2,7cm e um declive médio de 6,3⁰.

Assim, tendo em conta que devemos usar um salto que não esteja no limite máximo do desconforto para o organismo, podemos afirmar que para a maioria da população desta amostra o salto ideal varia entre os 2cm e os 4cm, dado que os números de calçado mais frequentes (77%) estão compreendidos entre o 36 e o 38 (Numeração Europeia).

…“As grandes tensões musculares que ocorrem ao andar de saltos altos podem no limite aumentar a probabilidade de lesões por tensão. Numa pessoa que usa saltos a maior parte da semana de trabalho, diz o Dr. Cronin, a posição do pé e da perna nos saltos torna-se a nova posição por defeito para as articulações e estruturas internas. Qualquer alteração desta definição de base diz, como calçar uns Keds ou uns Crocs, constitui um novo ambiente, que pode aumentar o risco de lesão. Há que salientar, diz ele, que no seu estudo os voluntários eram bastante jovens, uma média de 25 anos, o que sugere que não é necessário usar saltos durante muito tempo, ou seja, décadas, até estas adaptações começarem a acontecer. Tente, se possível, reduzir um pouco o calçado muito alto. Usar saltos altos talvez uma ou duas vezes por semana. E se isso não for viável tente tirar os sapatos de salto sempre que possível, por exemplo quando está sentada à secretária. Os sapatos continuam a ser lindos, mesmo aninhados ao lado dos seus pés”… [7]

Nos dias de hoje a moda e o papel activo e cada vez mais importante das mulheres na vida em sociedade levam a escolhas de calçado que podem não ser as mais adequadas.

Ao usarmos permanentemente saltos demasiado altos submetemos o nosso pé a um declive patológico superior ao declive máximo fisiológico de 10⁰. A médio e longo prazo isto irá provocar alterações biomecânicas que se podem tornar irreversíveis.

O papel do Podologista/Podiatra é fundamental para orientar e influenciar os pacientes na escolha do calçado adequado. Desta forma podemos contribuir para minimizar os problemas dos pés dos nossos pacientes e melhorar a sua qualidade de vida.

Se a pressão social sobre o aspecto e tipo de calçado ‘aceitável’ ou bonito para as mulheres e para a vida em sociedade mudasse, haveria muito menos problemas nos pés!

Referências:

[1] feetforlife.org. The Society of Chiropodists and Podiatrists. USA. 2009. FAQs – Feet Stats and Facts. 20/01/2009

[2] Goldcher A Barouk LS. Calcéologie Médicale. Ver Rhum. Sppl Pédagogique. 1998; 65-5966

[3] Goldcher A et Acker D. Peid et Higiène. Encycl Méd Chir. Editions Scientifiques et Médicales. Elsevier SAS, Paris, Podologie 27-140-A-20, 1999, 4p.

[4] Viladot A y colaboradores. Quince lecciones sobre patología del pie, 2ª Ed.. Springer-Verlag Ibérica. Barcelona. 2000: 181-190

[5] Massada, J. O Bipedismo no Homo Sapiens: postura recente. Nova Patologia. Lisboa: Editorial Caminho. SA. 2001

 [6] Barouk LS. La femme et sa Cahussure, Masson 1988: 91-106

[7] Cronin J, Reynolds G. A Scientific Look at the Dangers of High Heels .The Journal of Applied Physiology Musculoskeletal Research Program at Griffith University. Queensland, Australia. 2011

[8] Goldcher A. Manual de Podologia. Masson 1992: 27-31

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Um terço das crianças portuguesas têm problemas nos pés

Pé plano, pé valgo, hiperhidrose, onicocriptoses e verrugas plantares são os mais frequentes

O Instituto Politécnico de Saúde do Norte (IPSN) e o seu departamento de Podologia, revelam num estudo realizado a 1650 crianças, entre os 3 e os 10 anos de idade, que 34 por cento das crianças apresenta doenças nos pés, sendo as mais frequentes o pé plano, pé valgo, hiperhidrose e onicocriptoses e verrugas plantares.

De acordo com o Manuel Azevedo Portela, podologista e professor do IPSN, «os portugueses preocupam-se com a saúde dos seus filhos, no entanto existe ainda uma falta de conhecimento sobre a necessidade de avaliação precoce da saúde dos pés das crianças, assim como desconhecem como eleger o tipo de calçado mais apropriado para assegurar um crescimento seguro».

Apesar de 45 por cento dos encarregados de educação mencionarem ter conhecimento sobre a podologia, apenas 14 por cento refere ter conhecimento da importância de uma consulta de podologia Infantil para rastrear possíveis patologias nos pés dos educandos.

Este estudo revela também que 47 por cento das crianças usa um calçado pouco adequado às necessidades de controlo de estabilidade do pé e do caminhar assim como não respeita as necessidades de respiração do pé. Os resultados deste estudo indicam que a obesidade infantil está associada em, 12 por cento, a algumas patologias dos pés.

Manuel Azevedo Portela, também presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP), salienta que «os portugueses desconhecem que existe uma percentagem considerável de patologias dos pés, que se manifestam em idade adulta, as quais não são valorizadas em idade infantil, podendo ser corrigidas e não se repercutirem em idade adulta».

O especialista acrescenta ainda que «deve-se ter um cuidado especial com os pés das crianças desde muito cedo. A atenção dos educandos ao tipo do caminhar, a escolha do calçado, a atenção ao desgaste e deterioração do calçado, o posicionamento dos joelhos, os hábitos de sentar e deitar, trocar de calçado diariamente, não andar descalço em locais públicos, e examinar regularmente os pés, são alguns cuidados especiais com os pés das crianças, já que o diagnóstico precoce pode evitar complicações tardias como o aparecimento de dificuldade em andar».

Fonte: Sapo Família. 30 de Setembro de 2008

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Bebés com pés frios!

Porque é que, apesar de estar agasalhado, tem os pés e as mãos geladas?

É típico que quando a mamã nota que os pezinhos estão frios, interprete que o bebé está com frio e corra a calçar-lhe um par de botinhas. E, em caso de dúvida pois talvez esteja com frio, quem sabe mais uma mantinha de lã. Mas é importante saber que todos os recém-nascidos têm as mãos e os pés frios, e inclusive podem chegar a estar azulados.

No entanto, isto não quer dizer que o bebé esteja pouco agasalhado ou que tenha frio, mas sim que as mãos e os pés têm um menor fluxo de sangue (vaso-constrição), e isso faz com que a temperatura seja menor. Quer dizer que se trata de algo normal. Deve, pelo contrário, preocupar-se quando o bebé tem as mãos ou os pés muito quentes, já que poderia estar com febre.

Fonte: Sapo Família